Em demanda trabalhista na qual se discutia a prática de falta grave que teria justificado a rescisão motivada do contrato de trabalho, o juiz passou a ouvir a primeira testemunha da reclamada.
Como o reclamante teria ofendido a sua chefe em conversa por telefone, causou estranheza o fato de a testemunha da reclamada relatar, com detalhes, os termos da discussão. Então o magistrado a advertiu:
- Minha senhora, eu já lhe disse que veio aqui para dizer a verdade, e que pode ser penalizada caso minta ou altere o que realmente aconteceu. A discussão teria ocorrido por telefone, por isso peço que a senhora limite o seu depoimento a dizer como a chefe de vocês ficou depois do incidente. Se ficou nervosa, se relatou aos demais funcionários, o que disse a vocês, por exemplo.
- Pois não. Ela ficou bastante perturbada. Ele disse que ela era chata e gorda, acho que estava descontente porque não ganhava folga há tempo, e daí ela começou a chorar depois que desligou o telefone.
- Mas como a senhora sabe que ele a chamou de chata e gorda?
- Ora, sei porque ele disse ´ô, sua gorda, estou saindo do sério´.
Suspeitando que a testemunha havia sido instruída para favorecer a reclamada em seu depoimento, o juiz insistiu em saber como ficou sabendo das ofensas.
- Essas palavras foram da sua chefe, não é? Ela desligou o telefone e lhe disse ter sido chamada de chata e gorda, foi isso?
- Não, doutor. Isso foi ele mesmo que disse, ´ô, sua gorda, depois tu vais te entender comigo´.
- Minha senhora, eu vou lhe advertir pela última vez. A senhora está aqui para dizer o que viu e o que ouviu. O que lhe contaram, o que a senhora ouviu dizer, não pode ser afirmado como se a senhora tivesse presenciado. Estamos entendidos?
- Sim.
- Prossigamos, então. Quem foi que lhe disse que a chefe de vocês foi chamada de ´chata e gorda´? Ela mesma? Algum colega?
- Não, doutor. Foi como eu lhe falei. Ele que a ofendeu.
- Doutor, eu sinto muito, mas vou ser obrigado a tomar providências quanto à testemunha - o magistrado falou para o advogado da reclamada. Ou o senhor me ajuda fazendo a pergunta de um jeito diferente, ou terei de oficiar o Ministério Público, para averiguação de crime de falso testemunho.
- Dona Tereza, a senhora está aqui para dizer a verdade, não tenha vergonha ou medo, essas coisas fazem parte da vida - interveio o advogado.
A testemunha baixou a cabeça por alguns segundos, e um silêncio inquietante tomou a sala.
- Então, conte-nos: onde é que a senhora estava quando a sua chefe recebeu a ligação do reclamante? – o advogado prosseguiu, motivando a curiosa – inequivocamente curiosa - declaração:
- Na sala ao lado, na extensão. Passei a ligação, mas não coloquei o fone no gancho. Suspeitei que tinham um romance, e daí o senhor sabe, não resisti...
Como o reclamante teria ofendido a sua chefe em conversa por telefone, causou estranheza o fato de a testemunha da reclamada relatar, com detalhes, os termos da discussão. Então o magistrado a advertiu:
- Minha senhora, eu já lhe disse que veio aqui para dizer a verdade, e que pode ser penalizada caso minta ou altere o que realmente aconteceu. A discussão teria ocorrido por telefone, por isso peço que a senhora limite o seu depoimento a dizer como a chefe de vocês ficou depois do incidente. Se ficou nervosa, se relatou aos demais funcionários, o que disse a vocês, por exemplo.
- Pois não. Ela ficou bastante perturbada. Ele disse que ela era chata e gorda, acho que estava descontente porque não ganhava folga há tempo, e daí ela começou a chorar depois que desligou o telefone.
- Mas como a senhora sabe que ele a chamou de chata e gorda?
- Ora, sei porque ele disse ´ô, sua gorda, estou saindo do sério´.
Suspeitando que a testemunha havia sido instruída para favorecer a reclamada em seu depoimento, o juiz insistiu em saber como ficou sabendo das ofensas.
- Essas palavras foram da sua chefe, não é? Ela desligou o telefone e lhe disse ter sido chamada de chata e gorda, foi isso?
- Não, doutor. Isso foi ele mesmo que disse, ´ô, sua gorda, depois tu vais te entender comigo´.
- Minha senhora, eu vou lhe advertir pela última vez. A senhora está aqui para dizer o que viu e o que ouviu. O que lhe contaram, o que a senhora ouviu dizer, não pode ser afirmado como se a senhora tivesse presenciado. Estamos entendidos?
- Sim.
- Prossigamos, então. Quem foi que lhe disse que a chefe de vocês foi chamada de ´chata e gorda´? Ela mesma? Algum colega?
- Não, doutor. Foi como eu lhe falei. Ele que a ofendeu.
- Doutor, eu sinto muito, mas vou ser obrigado a tomar providências quanto à testemunha - o magistrado falou para o advogado da reclamada. Ou o senhor me ajuda fazendo a pergunta de um jeito diferente, ou terei de oficiar o Ministério Público, para averiguação de crime de falso testemunho.
- Dona Tereza, a senhora está aqui para dizer a verdade, não tenha vergonha ou medo, essas coisas fazem parte da vida - interveio o advogado.
A testemunha baixou a cabeça por alguns segundos, e um silêncio inquietante tomou a sala.
- Então, conte-nos: onde é que a senhora estava quando a sua chefe recebeu a ligação do reclamante? – o advogado prosseguiu, motivando a curiosa – inequivocamente curiosa - declaração:
- Na sala ao lado, na extensão. Passei a ligação, mas não coloquei o fone no gancho. Suspeitei que tinham um romance, e daí o senhor sabe, não resisti...
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