Terrifico Fantasma - I Parte - Capitulo I

Geraldo Voltz Laps
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1ª Parte – Terrifico Fantasma

La religion did: Croyez et vous comprendez.
La science
vient vous dire:
Comprenez et vous croi­rez.
J. de Maistre1 (1)
A religião diz: Creia e, então, compreenderá.
A ciência diz: Compreenda e, então, crerá.

1 — Josephe de Maistre (1753-1821) - Escritor e diplomata nascido na Sabóia, quando esta ainda não pertencia à França. Monarquista e católico fervoroso foi um anti-revolucionário e inimigo literário do Racionalismo, do qual destacou suas falhas

Era um calmo dia de Junho de 1868, a doce e meiga moça olha distraidamente para a janela do Castelo Surotsev. Fabiana Surotsev com seus 18 anos era uma menina em corpo de mulher, de estrutura mediana, mas com um corpo bem feito, com seios proporcionais e rosto grego clássico, cabelos longos negros caiam sobre seu busto. Ao se fixar na paisagem, uma forte emoção toma o seu corpo:
- Mamãe, Mamãe! Acabou a neve!
A dona da casa abandona seus afazeres para se dirigir ao quarto da filha mais velha. A bela senhora Juliana Fornazier Surotsev, era uma senhora com seus 36 anos, mostrava ainda um frescor de sua juventude com um corpo bonito, alta, esguia, com uma bela trança caindo sobre seu colo, ainda fazia seu marido suspirar com sua beleza.
Juliana olha para a filha com carinho e lhe diz:
- Pois é agora deixa eu te dizer uma novidade, nossa família foi convidada para passar as férias de verão no Castelo de Bordelle e nós resolvemos aceitar. Poderás reencontrar a Carol Trein.
- A Carol? Quanto tempo que não a vejo! Neste momento Fabiana já não conseguia se conter de felicidade. Quando iremos?
- Em dois ou três dias, teu pai apenas está resolvendo alguns assuntos no ministério e assim que resolver, nós iremos. A bela senhora agora se levantava para sair do quarto de Fabiana e voltar a suas atividades normais.
Ao ouvir sua mãe Fabiana não pode conter o frio que percorria sua espinha, finalmente, o sonho que acalentava desde sua infância se tornaria verdade, como outros sonhos antes que vieram a se confirmar, ela sabia que aquele não era sonho, era mais uma de suas premonições, ela sabia que naquela viagem conheceria o homem que a faria feliz para o resto de sua vida

Fabiana não se conteve e perguntou a sua mãe:

- Poderemos comprar novos vestidos para eu usar em Bordelle? Estes são do ano passado e estão tão velhinhos... Fabiana faz cara de enfado e olha para sua mãe.

Como o assunto não era de seu agrado Juliana F. Surotsev responde evasivamente:

- Vamos ver minha filha, vamos ver

No Castelo de Zeltenburg, o clima era de preocupação: afinal o Barão de Kozen estava tendo mais uma de suas crises de angina:
- Calma Barão, vamos conseguir debelar mais esta crise, afirma com préstimo o médico, Dr. Geraldo Zatorsky.
- É que desta vez veio mais forte, responde com dificuldade o Barão.
- Vamos Barão, tome seu remédio, Zatorsky alcança um copo com liquido azulado.
- De novo? Não suporto mais tomar estes remédios, quando me livrarei deles? Além do mais toda vez que os tomo, eu não consigo me manter consciente, o barão parecia amolado.
- É que é necessário acalmar-ter barão, o remédio o faz ficar tranqüilizado para que a crise passe. Zatorsky olha para ele querendo o convencer a tomar o liquido.
- Que seja, mas que o doutor procure outra forma de me tratar às crises, porque não vou ficar tomar isto para sempre, o barão toma de gole só todo o conteúdo do copo. Após sorver o liquido, o barão cai prostrado em seu leito.
O barão era um homem com seus quarenta anos, era de complexão forte, apesar de sua baixa estatura, tinha um rosto másculo com uma barba cerrada negra. Seus braços, agora imóveis, eram bem musculosos, cabelos negros com alguns fios grisalhos adornavam sua testa, sendo importante militar da ativa e cuja família tinha grande influência na política do império.
Ao contrário do barão, o médico Doutor Geraldo Zatorsky era alto, loiros de olhos verdes, esguio e nem aparentava seus 30 anos de idade.
- Já dormiu? Adentra ao quarto do barão, sua esposa Juliana Marotti Kozen.
- Já, e desta vez foi difícil de fazê-lo tomar o remédio, está cada vez mais desconfiado.
O médico olha para a baronesa e o observa a sua estatura, mediana, cabelos cacheados, olhos cor de mel, tinham nos olhos um fogo que queimava.
- Vamos meu querido, que o tempo urge e não posso o perder! O olhar da baronesa era mais que um convite, era uma ordem.
Em um quarto suntuosamente decorado, a baronesa puxa o seu amante para a cama. Não estava acostumada a esperar a iniciativa do médico, partia sempre para a parte ativa da relação. Neste momento nada a interromperia sua diversão.
Os gritos e outros sons eram ignorados pela grande parte dos habitantes do castelo, tendo em vista as represálias da nova dona.
A antiga dona, primeira esposa do barão, tinha morrido a três anos de ataque cardíaco, sendo que era muito querida pelos empregados do castelo.
A nova proprietária era uma pessoa de temperamento difícil, com seus 21 anos, mostrava falta de piedade com as dificuldades dos empregados em cumprir seus caprichos, quando não a atendiam aplicava-lhes impiedosamente o chicote. Nenhum dos empregados acreditava quando o barão a apresentou como a sua nova esposa, a repulsa foi instantânea. Ninguém conhecia Juliana Marotti antes de ela aparecer na cidade e se hospedar na casa de Sarah Andreevna.
Seis horas após, Zatorsky exausto, suando muito e completamente ofegante, está prostrado na alcova ao lado da baronesa.
- Meu amor, tome! Juliana está solicita em alcançar um liquido vermelho em um pequeno cálice
- Um dia desses ainda vou morrer, o médico não consegue completar a frase.
- Não meu amor, ainda não, você ainda me é muito útil, o teu vigor ainda me faz muito bem e sabes muito bem das minhas preferências, sabes que não seria qualquer que me satisfaça por completo. Juliana olha para seu parceiro e dá um sorriso.
- Agradeço muito sua opinião, mas não tenho como agüentar uma sessão de cinco horas, sem com isto debilitar meu organismo, pois preciso tomar a poção. O médico começa a se animar olhando de novo o corpo desnudo da baronesa.
- Shhh!! A baronesa coloca o dedo indicador nos lábios do doutor, não tens condição agora de satisfazer-me, pois os efeitos do remédio do barão vão perder seu efeito.
- Tenha calma, estamos quase chegando lá, a baronesa levanta da cama e começa a se vestir.

- Temos que tomar cuidado para não deixar o barão preocupado com suas crises de anginas, ah! Como eu gostaria que elas fossem diárias, mas daí não completaria o serviço, e não teríamos êxito em toda a nossa tarefa. A baronesa levanta-se e dirige-se para o quarto do barão, já era dia, e o sol já entrava pelas amplas janelas do quarto.
- Bom Dia, meu querido, como te sente hoje? Pergunta-lhe a baronesa com um beijo na fronte.
- Bem melhor, os remédios do doutor são muito bons, só que não gostaria de sempre os tomar nestas crises, tenho medo que uma delas seja fatal. O barão olha preocupado para sua consorte.
- Não me diga isto, a baronesa o envolve com um carinhoso abraço, o afagando e o mantendo com a cabeça em seu colo.
- Minha querida sabe que tu és a pessoa mais importante para mim e não posso pensar em deixá-la sozinha e desamparada. O barão fica com um vinco na testa, demonstrando tristeza.
- Neste momento a baronesa lhe dá um terno beijo na face e após o anima: Você é muito forte! Não pense em deixar-me assim e nem jamais em se preocupar com este assunto.
O Barão se recompõe e após vestir-se e retirar-se para seu local de trabalho, deixa a baronesa pensativa:
- Quanto tempo ainda terá que agüentar este velho asqueroso?
Enquanto isso, na casa dos Surotsev, Paulo chega preocupado, e sua esposa notando seu nervosismo, pergunta:
- O que houve Paulo??? Porque estás tão nervoso?? Aconteceu alguma coisa?
- O Barão Kozen fez alguma manobra desconhecida, por que não reconheci nenhum de seus movimentos; agora o Ministério da Guerra praticamente está em suas mãos, já que o atual ministro é apenas uma marionete, sem vontade própria; ele é o substituto do ministro.
Paulo estava lívido, o suor escorria de sua fronte.
Paulo Surotzev era um homem de 39 anos, de estatura média, com cabelos castanhos e tinha belos olhos cor de mel. Naquele momento estava triste pela derrota política patrocinada pelo Barão de Kozen, e tinha sua posição no ministério ameaçada.
- Não adianta mais pensar em nada, vamos nos arrumar para ir para Bordelle, chame a Fabiana e a Nympha para se prepararem, eu quero esquecer e esvaziar a minha cabeça. Hoje mesmo partimos.
Paulo caiu pesadamente na poltrona.
- Fabiana e Nympha, vão se organizar para a viagem que seu pai já chegou, partiremos hoje mesmo.
Nympha com seus 14 anos, nem parecia uma adolescente, parecia mais uma boneca de porcelana, cabelos claros com olhos azuis, delicada, movimentos estudados, tudo combinando com sua aparente fragilidade.
- Papai, Papai é verdade? Iremos agora? Fabiana já estava com sua mala pronta.
- Sim, é verdade, apesar de não ser o melhor horário, é importante que vamos já. Paulo beija a testa de Fabiana
- Nympha, minha filha, ande rápido com isto, senão não conseguiremos sair. A Srª Surotsev parecia apressada.
Após os empregados carregarem as malas no coche, e passado as instruções ao administrador da mansão na sua ausência, Paulo embarcou para a longa viagem.
Na mansão de Sarah Andreevna, o Dr. Zatorsky entra apressado pela porta lateral.
- Ora, quem é vivo sempre aparece, doutor! Sarah dá uma gargalhada e vê o olhar irritante de seu visitante.
- Doutor, porque este cenho tão franzido? A Juliana Marotti andou esgotando-o de novo?? Sarah não consegue esconder o sorriso irônico.
- Você ri Sarah, sabe o que é ficar cinco horas na cama com aquela mulher? Ela suga até a minha última gota de sangue! E depois tenho que sair fugido do Castelo como se fosse um reles ladrão! Zatorsky gesticulava muito e esbravejava.
- Sei muito bem do apetite da Juliana, ela teve uma boa professora! Sarah olha para o rosto surpreso do doutor
- Você? Professora da Juliana? Quer dizer, a mestra que ela cita é você? Zatorsky fica totalmente perplexo
- Que indiscrição da Juliana, eu não precisava desta publicidade, mas não preocupe doutor, no momento não estou precisando de você, a Juliana está.
- Mas... - Zatorsky não consegue nem articular as palavras
- Doutor, tem muitas coisas que ainda o senhor não sabe, mas sejamos práticos, trouxe o material? Sarah o pegou fortemente pelo colarinho.
- Claro, Claro, poderia me soltar? A destra de Sarah estava apertando o seu pescoço
- Então doutor? Sarah estica a mão esquerda e a direita continua na garganta de Zatorsky.
- No bolso direito do casaco, o médico sentia a destra de Sarah fortemente encaixada para sufocá-lo.
Sarah o solta e pega o pequeno frasco no bolso direito do casaco de Zatorsky.
- Muito bem doutor, fez bem o seu trabalho!
O pequeno frasco de vidro continha um liquido de cor âmbar, brilhava ao contato da luz.
- Mais um encontro e teremos toda a essência primeva do Barão em nosso poder, daí ele não nos será mais útil, poderemos substituir-lo por um espectro que ninguém notará. Sarah rodava o pequeno frasco em sua mão, o seu sorriso causava medo pela sua expressão diabólica.
- Mais um encontro? Será que não tem suficiente ai? Terei que me submeter de novo à baronesa? O doutor parecia suplicar.
- Uma violenta bofetada no rosto foi sua resposta. Zatorsky rodopiou nos calcanhares e caiu pesadamente no solo.
- Idiota você não pensa, você apenas obedece, com o bico do sapato ela o cutuca.
- Levante inútil, senão esta pode ser tua última missão, além do mais, você ainda pode ser muito desejável.
Sarah se atira sobre o corpo do doutor e rasga as suas roupas e após um longo conluio amoroso, ela solta gritos guturais. Sarah se recompõe e faz o doutor aspirar um vidro com essências aromáticas.
- Ai, minha cabeça, será que sempre será esta violência quando eu vier entregar o material aqui? Zatorksy ainda estava sem roupas.
- Não doutor, é que hoje foi um dia muito especial, nosso mestre Leonardo irá nos fazer uma visita. Precisei de uma dose extra de sua vitalidade para preparar um fluido fatal. Recomponha-se doutor!!!
- De que jeito, se você rasgou todas as minhas roupas. O médico levanta-se totalmente nu
- Certo doutor, eu lhe providenciarei roupas novas. Nisto ela puxou uma corda e uma solicita empregada lhe entrega roupas novas, quando a empregada estava saindo da sala, Sarah a interpelou:
- Vire de costa, minha filha!!!
A empregada constrangida vira de costas para a patroa.
- Que rico derrière, querida. Lembre-me que eu preciso ver isto de perto outra hora. Pronto doutor, eis as suas roupas!!! Vista e recomponha-se, porque o mestre Leonardo exige respeito de seus servos. Sarah sorve o liquido azul claro em um longo cálice. Tome doutor, vai lhe fazer bem.
O mestre Leonardo gosta de pessoas saudáveis e fortes como o doutor, se tudo correr bem e o mestre estiver de bom humor poderás até presenciar, ou quem sabe participar de nossos rituais de Molay.
Zatorksky sorveu o liquido com muita sofreguidão e quando mais o ingeria, mais sentia a necessidade de ingeri-lo, um calor intenso o invadia e uma sensualidade selvagem brotava de seu ser. O seu corpo parecia incendiar de desejo.
- Calma, doutor, você não agüentaria mais uma sessão, mas se você quer apenas uma diversão, eu posso lhe dar uma agora mesmo. Sarah estava enfada
- Quero você!!! O médico se jogou sobre o corpo da Sarah.
O Estrondo que se seguiu não acompanhou a visão; Sarah tinha se levantado tão rápido da poltrona que o doutor não conseguiu impedir sua queda no chão.
- Ai, Ai doutor, você tem que controlar seus instintos! -nisto o seu pé direito estava sobre o peito de Zatorsky, pressionado com o salto o seu diafragma.
- Solta, Solta, você vai me matar, o médico gemia de dor
- Não doutor, ainda não, gostaria de me divertir um pouquinho mais. Sarah o arrasta até uma sala e o coloca em uma maca, nisto o fazele aspirar uma essência aromática de odor acre, que o nauseava.
Sarah faz uma contensão mecânica e o coloca de cabeça para baixo. Após pronuncia algumas palavras e joga um punhado de ervas em um braseiro, tornando o ambiente irrespirável. Após a fumaça começar a girar em alta velocidade, ouve-se um barulho forte, como se fosse um trovão. Atrás de uma cortina de fumaça, surgi uma figura máscula, com feições grotescas.
- Salve mestre Leonardo, teus escravos te saúdam. Sarah se curva e beija os pés da criatura.
- Fale logo, que não tenho tempo a perder. -ordena autoritariamente Mestre Leonardo.
- Este escravo que aqui está contido, já completou a captura de metade da essência do barão de Kozen, aguardo suas instruções para quando conseguirmos a totalidade da essência primeva do barão. Sarah se encontrava ajoelhada em reverencia ao mestre Leonardo, aguardando suas ordens :
- Quando terminares a tua tarefa, leve este escravo para Komedhor e veremos Pratissuria completar o serviço.
- Assim será feito, mestre. Após a expressão de Sarah, a fumaça voltou a agitar-se e com um estrondo, mestre Leonardo desapareceu.
Recobrando os sentidos, Zatorsky se viu em leito limpo, com uma moça passando um pano úmido na testa tentando diminuir a temperatura de seu corpo; apesar de não sentir mais nenhuma dor, aquela febre parecia ser irreal.
Será que tudo foi uma alucinação?
Será que aquela criatura grotesca realmente existia?
Quem era Pratissuria??
Que serviço ele iria acabar?
Onde estaria agora?




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