Estranho rato pelado é invulnerável à dor

Geraldo Voltz Laps
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O peculiar roedor do leste africano, que possui uma aparência muito frágil, talvez por não conter pelos, não sente dor. Ele poderá ajudar os cientistas a criar drogas contra dores crônicas.

O rato-toupeira pelado Heterocephalus glaber vive sob quatro metros de terra e é o único mamífero conhecido que possui sangue frio. "Eles são os mais interessantes animais que eu já trabalhei, são muito gentis", informou o neurobiólogo Thomas Park, da Universidade de Illinois, em Chigaco (EUA).

Os animais são quase cegos, portanto muito sensíveis ao toque. Depois de estudos sobre a pele do animal, os cientistas descobriram que eles não possuem um neuropeptídio chamado Substância P que é responsável pela ardência em casos de queimaduras em mamíferos.

Depois dessa constatação os cientistas deixaram os ratos inconscientes e injetaram nas patas dos animais doses pequenas de um ácido parecido com suco de limão (segundo Thomas) e um princípio ativo da pimenta. Os pesquisadores ficaram surpresos quando os ratos não apresentaram sinais de dor. "Essa insensibilidade ao ácido é muito surpreendente", disse Thomas.

"Todos os animais que já testamos são sensíveis a essa substância", informou. Em seguida os cientistas inseriram em nas patas traseiras a substância P. Em uma delas colocaram o princípio ativo da pimenta, na outra o ácido. "Eles puxaram a pata [da pimenta] e deram uma lambida no local da ferida", disse.

Porém eles não reagiram com dor na pata onde foi injetado ácido. Os pesquisadores acreditam que essa capacidade foi desenvolvida por causa da vida sob o solo. Como o dióxido de carbono é exalado em altos níveis, debaixo do solo, pelos animais, seus tecidos tornaram-se imunes a sensação ácida.

"Nossa absorção de dióxido de carbono durante a respiração não chega a 0,1%. Se as pessoas estivessem expostas a cerca de 5% de dióxido de carbono, sentiriam uma espécie de queimação nos olhos e no nariz", disse Thomas. "Estima-se que essa espécie de roedor respire em um ambiente em que o nível de carbono chega a 10%" completou.

"O estudo é importante para constantes dores inflamatórias. São dores que podem durar horas ou dias quando um músculo é submetido a um procedimento cirúrgico", ele manifestou. Segundo Thomas, as descobertas poderiam inclusive ajudar a tratar dores crônicas.

"Nós estamos aprendendo que fibras nervosas são importantes para determinados tipos de dores. A partir daí estaremos aptos a desenvolver novas estratégias". A pesquisa foi detalhada na edição online de janeiro da revista científica PLoS BiologyM
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