google-site-verification=3cwbLnIYiMtAvn1eBc0th4vApL5LEIZZoGBNvMGwjVU PHFIC - Capítulo XI – A Beira do Carvalho

PHFIC - Capítulo XI – A Beira do Carvalho

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Cristina com auxilio de Vairami e Fabiana acomoda Carol em um colchão de folhas de carvalho, ela demonstra estar muito fraca, a intensidade da poção ministrada por Sarah havia minado muito de suas energias. Cristina volta junto de seus acompanhantes relatando seu procedimento. Neste momento nota o barulho do galope de dois cavalos. Nota pelo sorriso de seu acompanhante que tratam-se de seus dois amigos.

- Muito bem minha querida, fez o correto. Deixa eu lhe apresentar uma pessoa muito querida que você ainda não conhece. Este é Arthur, meu filho.

- Seu filho? Tio Ivan nunca pensei que o senhor tivesse filhos, nem que tivesse casado.

- Minha Querida, foi necessário esconder tudo e de todos, minha esposa Ligia tinha uma saúde muito frágil quando a conheci e infelizmente foi por isto que ela morreu quando meu pequeno Arthur nasceu. Fiquei totalmente desorientado e pedi para meu amigo Timon arranjasse um casal para o criar, nestes anos todos não sabia que Arthur seria tão importante para resolver esta situação; Foi somente depois de descobrir a minha antiga reencarnação como Roberto, o príncipe do mal e das sombras, filho do Barão Nicolau, que hoje responde por Mestre Leonardo e reconhecer sua pérfida amante Vanessa, que hoje atende por Sarah.
- Ah! As histórias de Komedhor são verdadeiras!!! E eu queria tanto que fossem apenas lendas.! Cristina senta-se em uma grande raiz e coloca as mãos na cabeça.
- Infelizmente não são, mas depois tive uma boa novidade, envolvido em minhas loucuras e magias com as sombras, recebi uma noite durante meu sono a visita de uma entidade luminosa, ela se identificou como Artur, estudante do centro de ensino druidico Ynis Mon e tinha como missão salvar a minha alma e a linhagem dos Tuzov, já bastante comprometidas como o mal e as sombras. Tinha retornado ao corpo de carne como meu filho, mas com a morte da esposa ele havia sido entregue aos cuidados do Padre Timon para adoção de um novo lar, seus novos pais jamais desconfiaram de sua missão e de seu poder. Aos dezoito anos quando os seus pais adotivos faleceram ele resolveu acompanhar o Padre Timon como diácono, mas não se afastava da igreja e não se expunha, sabia bem dos movimentos de Mestre Leonardo e de Sarah. Sabia que ainda não era hora de fazer alguma coisa, conseguiu convencer-me. E após um longo treinamento, sugeriu que eu, Ivan, morresse para a vida civil para ter mais condições de preparar o caminho para neutralizar as sombras.

Tudo foi calculado e com a prática adquirida simulei minha própria morte e a partir daquele momento fui me preparando para que cada vez mais tivesse condições plenas de vencer e libertar os Tuzov da maldição que eu mesmo tinha lançado em Komedhor. Ivan Tuzov teve que morrer para que Roberto perdesse sua força e seu poder, aliás fui eu que fiz o medalhão, antes tinha um objetivo, mas com o cristal que Arthur fundiu nele tem um poder muito maior. Agora o Arthur vai te explicar porque tu é a única que pode empunhar este medalhão, pois somente as druidesas o podem.

Para demonstrar, Arthur faz uma pequena evocação:

“Elemento de fogo, espírito de luz, essência de vida, acordem a noite. Fogo da alma, chama de vida, enquanto a luz revela a verdade, queimem no brilhante dourado da eternidade” Uma única vela queimava, a chama tornava-se mais forte a cada palavra proferida. Arthur inclinou-se sobre a vela, a luz dourada banhando-lhe as feições pálidas, contraídas, as sobrancelhas levemente arqueadas, de olhos fechados, ele repetia a antiga invocação. A brilhante luz azul mesclava-se ao ouro reluzente em mutantes padrões espiralados, conforme a chama refletia o grande cristal que ele segurava suspenso diante da vela, criando uma tapeçaria faiscante que cintilava Então, de súbito, como se obedecesse a seu comando, a luz engoliu a si mesma, os desenhos se concentraram num único ponto reluzente até que tudo que restava era a chama que agora queimava dentro do cristal.
O Medalhão tem o poder de queimar qualquer ectoplasmia feita pelas sombras, tens o poder agora de colocar um fim em todas estas ações das trevas, buscando sempre o equilíbrio, terás condição agora de encerrar a história começada há muito tempo atrás por feiticeiros que aproveitaram dos conhecimentos antigos para tomar a força este vale.Seja forte Cristina e terás a tua grande vitória.
Cristina se deslocou para ver como estava Carol, viu Fabiana a cuidando e demorou para acreditar que, após sua saída de Gorky tenha passado por tantas experiências, sentou-se a beira de uma raiz e começou a pensar sobre toda a sua vida até aquele momento: sua infância alegre em Bordelle, seu casamento com Eric, o nascimento de suas filhas, sua vida feliz e descompromissada até que estranhos fatos começaram a ocorrer, a morte de seus pais, do seu tio Ivan e de seus sogros. Quase ficou sem ar quando reencontrou seu tio Ivan vivo na cripta de Gorky, mas após todas as explicações e narrativas de fatos estranhos que desconhecia, como seus pais foram envolvidos pelas trevas, o triste fim de seu ancestral Nikolai Pavel Tuzov e seu corpo sepultado em lugar ermo de Molay, a redenção de Ivan pela descoberta de Arthur e como ele descobriu a luz e principalmente a revelação de que Cristina era uma druidesa antiga e poderosa, digna de usar o medalhão dos Tuzov.
Uma folha de carvalho caiu em seu colo, pegou-a em sua mão e começou a olha-la distraidamente, sabia que ali residia uma energia poderosa que foi redescoberta, o seu olhar agora vasculhava o firmamento, olha as constelações e identificava cada uma das estrelas, uma pessoa aproximou dela e perguntou:
- Posso sentar ao seu lado?
- Claro, sente aqui querida. Fabiana sentou e encostou sua cabecinha no ombro de Cristina, precisava daquele apoio desde que sua mãe tinha voltado para casa.
- Como te sentes?
- Preciso de um apoio, ainda não sei como resisti a todos os acontecimentos e sobrevivi.
- Se isto te ajudar, narre e desabafe para mim o que ocorreu depois de teu casamento.
Fabiana falou de todos os seus sonhos desde São Peterburgo até sua chegada em Bordelle, a corte de Zatorsky, a estranha ocorrência na fonte de Molay e depois os seus pesadelos antes do casamento. Enquanto isto Cristina fazia um carinho em seus cabelos. Narrou seu inferno vivendo em Montgnac, no dia em que invocou a Banshee temia muito pela sua vida e da Carol, por isto foram esconder-se na capela, único lugar que achava seguro. Acabaram adormecendo lá, no outro dia foi verificar o que havia acontecido e num momento de fúria apertou o pescoço do moribundo bispo, assustou-se com tudo e correu de novo em direção a capela, Carol ficou imobilizada com toda a cena e demorou para voltar para lá, fato que facilitou a sua captura pela Sarah, ela lembrou que o único lugar onde os satanistas não entravam era justamente a capela e ela ficava sempre junto ao altar onde existia um enorme crucifixo. Sentia se protegida lá, mas logo após ouvir os gritos de Carol, sentiu uma enorme vontade de fugir e começou a correr nos campos até achar o grande carvalho. Ali descobriu que era uma árvore sagrada e começou a manipular seus livros antigos, preparou uma pequena evocação e colocou seus elementos mágicos para se proteger se houvesse um ataque, mas saberia que não teria chances de resistir caso tentassem qualquer coisa. Com sua chegada e do Ivan abriu um sorriso de esperança e agora queria apenas descansar e recuperar-se de seu longo inverno existencial. Fabiana agora estava adormecida em uma pequena elevação no terreno junto a raiz que Cristina estava sentada. Ivan chega próximo de Cristina e lhe fala:
- A hora está próxima minha querida, deixe que nosso amigo Timon vele por nossas meninas, ele as cuidará muito bem. Cristina troca de lugar com Timon e segue com Ivan para junto de Arthur.
- Sinto que eles estão próximos, não demorarão, Mestre Leonardo age sempre perto da meia noite, não seria diferente agora, apenas não esqueçamos que nosso maior poder é a união, não atuaremos separados, o triangulo de luz é muito forte para nos proteger e não permitamos que nenhuma provocação nos desequilibre . Arthur apresentava um aspecto sério, mas sereno.
Ivan e Arthur começaram a fazer pequenas fogueiras para aquecer as pessoas e também para espantar possíveis predadores. Gostariam de ter uma boa condição visual e atenção para qualquer movimentação suspeita. Eles ficaram alguns tempo conversando, até que Arthur começou a montar um tripé e jogou algumas essências dentro de um pote de cobre, um suave aroma começou a exalar da mistura e com após o vapor fixou um sinal cabalístico na grama que estava em volta da árvore.
- Pronto, agora aguardemos, estaremos seguros para qualquer alteração no nível de energia do ar.
Continuaram a conversar e subitamente um sopro de vento gelado começou a fazer um barulho estanho.
- Chegou a hora, eles chegaram. Arthur, Ivan e Cristina levantaram-se e ficaram a postos.
Um barulho seco e forte anunciou a chegada de Mestre Leonardo e seus acompanhantes.
Alguns segundos que poderiam parecer horas mostraram frente a frente Ivan e Mestre Leonardo.
Antigos acontecimentos e sentimentos represados mostravam detalhes nos seus rostos, Ivan com seus olhos azuis e serenos e Mestre Leonardo com seus olhos negros e furiosos.
- Muito bem Roberto, mais uma vez te vejo no meu caminho, este desprazer tive que carregar comigo muito tempo, mas hoje vou encerrar este nosso contato, desta vez não irás me vencer e me encarcerar como fez na última vez. Tenho muito mais poder hoje e não me deixará mais sem ação. Mestre Leonardo trazia a destra pronta para fazer o sinal cabalístico de evocação.
- Caro Barão, Ivan estava sereno, sabes muito bem que me instruísse na baixa magia e que sempre fui mais competente em a utilizar, mas hoje graças ao meu mentor de luz, não a mais precisarei utilizar, porque sou instruído na alta magia e ela me diz no momento: desista barão, seu reino de terror não o levará a nada, somente sofrimento e morte a todos que o acompanham.
- Tu seria meu sucessor, minha continuação
- Até um dia eu acreditei, até que vi minha mãe morta, Ivan apenas olha para Mestre Leonardo e analisa suas reações.
- Foi um acidente, eu estava no laboratório quando sua mãe entrou sem avisar.
- E isto justifica um corte longitudinal na jugular ? Por ela ter entrado sem aviso no laboratório?
- É que naquele momento estava com um estilete e ele escapou da minha mão quando estava cortando um bloco de cera.
- Não seria muito mais fácil confessar que tu matou ela para satisfazer sua amante Vanessa, aqui presente.
- Não, ela não me pediu nada.
- Vanessa ou Sarah, nunca pediu nada ela ordenava, assim que tomou posse de nosso castelo ela me expulsou.
- Foi necessário, você era um risco para nós dois.
Sarah nitidamente inconformada com todas as acusações, evoca as larvas das trevas:
- Espiritos do Mal, antigas formas infernais, eu lhes ordeno: obedeçam ao meu comando. Nuvens difusas adensam e corpos de mulheres com rosto de cobra rastejam em direção aos pés de Sarah. Com autoridade e direcionando-as para Cristina:
- Ataquem, mate-na!

Os espectros com agilidade e velocidade seguem a ordem, Cristina evoca a Deusa Brigid:
"Bride, Dama Supeior,
Chama súbida;
Que o brilhante e luminoso sol,
Nos leve ao reino eterno."
Eu construo meu fogo hoje
na presença dos Deuses Sagrados do Céu.
na presença de Brigid da forma bonita
na presença de Lugh de todas as belezas
sem ódio, sem inveja, sem ciúmes,
sem medo ou horror de ninguém sob o sol
porque meu refugio é a Mãe Sagrada.
Ó Deuses, acendam o fogo de amor dentro do meu coração,
por meus inimigos, por meus parentes, por meus amigos
pelo sábio, o ignorante, e o escravo
da coisa mais humilde
até o nome mais alto.

Um globo de luz fica em torno das mãos de Cristina e começa a girar com impressionante velocidade, a cada volta uma flecha de luz sai de seu interior e atinge as formas espectrais que acabam se dissolvendo, um ar pestilento fica em seu lugar. Após dissolver todas um raio de grande intensidade atinge Sarah na altura do ombro e ela é jogada longe. Mestre Leonardo evoca:
Após um minuto de tumular silêncio, Mestre trovejou:

— Espíritos da natureza! Venham das profundezas da terra, da água, das alturas do éter e do fogo que a tudo atravessa! Servos do espaço, que movem as forças dos elementos, apareçam a nós!

O vento assobiava, a terra tremia e no ar ouviam-se estalidos. Parecia que uma multidão invisível se movia empurrando uns aos outros ao redor dos presentes,
A seguir, as densas nuvens numa névoa que, ao se dissipar, logo tornou visível o estranho exército que se apinhava junto ao círculo. Eram seres cinzentos de contornos indefinidos, envoltos em véus esvoaçantes. Agora os seus contornos já eram mais nítidos e podiam ser distinguidas as estranhas e horripilantes formas daqueles seres espectrais. Eles eram vermelhos como fogo e parecia serem fundidos de ferro em brasa; outros eram esverdeados como se feitos de espuma palustre estagnada.
Os seres cinzentos começaram a cercar Ivan, Cristina e Arthur, aquela turba começa a fazer um redemoinho para cegar os três, porém nenhum dele parecia ser importar com isto. Nenhum medo ou apreensão era demonstrado, Arthur serenamente invocou Lugh, o Deus do Sol:

Lugh o Vitorioso, Nós o invocamos e pedimos sua proteção.
Lugh do Cavalo Branco e das Lâminas Brilhantes.
Você da Forma Perfeita, Criança da Luz e das Sombras, vencedor de Balor, esteja conosco.

Que possamos sempre ser abençoados pela alegria do Brilhante Senhor dos Céus,
O Inteligente, a Mão Segura, o Bardo e o Ferreiro.
Que possamos estar em paz sob a mão do Comandante de Danú.

Pelo poder do Sagrado Três ouça o chamado de seu povo agora.
Pela Lança e pelo Corvo venha ao seu povo Lugh o Vitorioso, nós o invocamos, Oh Nossa
Luz e nosso Guia!

Possa a sua força estar acima de nós,
Possa a sua beleza nos deliciar,
Possa a sua habilidade estar conosco!
Venha através das trilhas dos bosques antigos ao anél de seu povo e esteja presente no coração de todos que o honram .

Lugh Lamfada, aquele que tudo pode alcançar!
Lugh Samildanach, aquele que tudo pode fazer!
Lugh Ioldanach, aquele que tudo pode trazer!
Esteja conosco e abençoe o nosso Rito!
Neste momento uma lança de luz surgiu na mão de Arthur, com agilidade surpreendente ele a dirige para Mestre Leonardo que é atingido no peito, cambaleante ele cai no solo, uma chama azul violácea brilha por alguns instantes e depois apaga e ele solta um suspiro e sua cabeça pende ao lado. Sarah que havia se recuperado da queda olha a cena e corre em direção ao corpo de Mestre Leonardo e com fúria tenta fazer uma evocação, Cristina a fulmina com flecha de fogo de Brigid e ela cai juntamente ao corpo do amante, enquanto os espectros ficam desorientados, Ivan utiliza a sua destra e com os dardos de luz elimina-os.

As nuvens começam a girar de maneira mais devagar e perdem também seu tom sanguineo, adquirindo então uma cor violácea, mais adequada a alvorada de um novo dia. Arthur derrama um liquido de cor dourada nos corpos ressequidos de Mestre Leonardo e Sarah, o liquido começou a fumegar e logo foram se miniaturizando até se tornarem um casal de corvos, logo após empreenderam seu vôo em direção aos galhos do grande carvalho, lá os dois ficaram unidos, até que finalmente voaram para bem longe.

Poderia tudo ser muito mais fácil, mas a senda das trevas é mais sedutora, bom agora atendamos ao nosso casal enfeitiçado, mas reestabelecer a sua verdadeira história.

Juliana Marotti e Zatorsky aturdidos olham para os dois caídos e para o trio de luz e imobilizados ficam esperando sua vez de serem mortos.

Ao contrário, Arthur os imobilizou com um cordão de luz e os colocou dentro de um triangulo e saudou Lugh:

Saúdo a Ti Lugh, o Iluminado,
Aquele que conduz os pastores,
Aquele que multiplica as colheitas,
Aquele que traz a riqueza e a prosperidade,
Aquele que abre aos homens todos os caminhos,
Aquele que zela pela saúde e desvenda o futuro.

É a ti que reverencio, Iluminador dos artistas,
Aquele que todos os dias percorre os céus com sua carruagem de fogo.
Aquele que é amado por todos os Deuses, Vós que sois o Dourado e resplandecente senhor dos Céus.
Tú que és um Rei em sua glória e que se ergue na luz de seu esplendor.
Que seu semblante brilhe entre nós e nos conduza em nossa jornada.
Você que fertiliza o grão, oh soberano entre todos os Deuses!
Todos exaltam sua bondade,
Pois seu é o dom de curar, de inspirar, de iluminar, de renovar, de profetizar.
Vós sois poderoso e sua força nos conduz, nos mostrando a satisfação da vida e a beleza que preenche todas as coisas sobre a Terra. Oh Deus dos tempos remotos, Faça-me forte, poderoso e vitorioso, Pois você não conhece a derrota, Pois seus caminhos são os caminhos da vitória. Me defenda com ponta de sua lança e com o fio de sua espada.
Neste momento uma espada de luz surge na mão de Arthur e ele a consagra e toca nas cabeças de Juliana Marotti e Zatorsky. Raios, Relampagos ecoaram no céu .
Dores atrozes e massas pestilentas negras começam a desdobrar-se dos seus corpos, seus lamentos, os gritos sinistros e ventos em redemoinho acabam por envolver-los, naquele momento, seus corpos giram e tomam curso ascendente, após alguns minutos seus corpos tombam pesadamente no solo, mas já não eram mais Zatorsky e Juliana Marotti, e sim o cavaleiro Fabricio e a Condessa Alessandra.
Amparando e ministrando uma poção a eles, Arthur os acomoda junta a Fabiana, Carol e Vairami. Padre Timon ficaria cuidando de todos até a volta de Arthur e Ivan a Komedhor.

Deslocando-se rápido até o castelo e olhando a construção cada vez mais próxima, Ivan começa a ficar apreensivo, afinal a última vez que lá estivera, seria para amaldiçoando toda a construção e seus habitantes, desde lá muitos fatos acabaram ocorrendo, tragédias, mortes.

Chegando na entrada principal, ambos descem dos cavalos, dirigem-se até um pequena declive perto de uma porta já enferrujada pela ação do tempo, gira uma pequena mola, um rangido cede a abertura da porta, já lá dentro, um intenso cheiro de mofo reina no ambiente lacrado há muito tempo. Ivan olha para um pequeno altar com uma caixa de cristal:

- Eis aqui o responsável por tudo vamos desmagnetiza-lo e depois poderemos destruir tudo. Com movimentos ritmados e pulsos magnéticos ambas começam a fazer o desligamento de todos os objetos e de suas energias, cada instrumento de perdição foi cuidadosamente neutralizado, após todos os procedimentos, a caixa de cristal foi retirada da sala, colocada em cima de um tripé, quando o pó pupura a envolveu ela começou a fumegar, uma grossa nuvem de fumaça se seguiu a sua explosão.

Como por mágica, o castelo de Komedhor começou a ruir e desmorronar, parte por parte até virar escombros. Estava feito, aquele lugar nunca mais seria utilizado.

Após passarem na cidade e conseguirem uma grande carreta, chegaram no grande carvalho e recolheram todos para finalmente encerrarem aquela história terrível. Agora deixem os mortos enterrarem seus mortos e os vivos poderem viver suas vidas.

Arthur dirige-se a Cristina:

— Vá e trabalhe, minha filha, não só para você, mas também para as suas companheiras de vida tão longa, que as teriam deixado desesperadas, se não fosse preenchida por estudos e coroadas por aquela clareza que lhes confere o conhecimento - oferecendo o cálice à jovem.
Esta umedeceu os lábios no vapor dourado e mergulhou em prece profunda. Instantes depois, de seu corpo começou a desprender-se uma luz esbranquiçada, que a envolveu feito auréola.

Então Arthur dirigiu-se a Vairami:
— Seu desejo está atendido. Você pode se entregar à meditação até que eu a chame.
Ele, então, deu-lhe também o cálice. Quando Vairami tomou dele, com ela repetiu-se o mesmo fenômeno que com Cristina, mas de forma mais intensa. A luz alva concentrou-se com tal força sob a fronte de Vairami, que parecia uma chama iluminando as feições da jovem aparentemente em estado de êxtase.

Subitamente, ela pareceu oscilar, levantou-se no ar e desapareceu numa densa nuvem que a envolveu e, arrastando-a para cima, desapareceu no ar.

— Vamos voltar para casa - disse Ivan .

Ao retornarem para casa, cada um se recolheu a seu quarto, Ivan deitou-se no sofá e apenas coçou a cabeça com a mão. Um verdadeiro sentimento tomava conta dele. Havia muito tempo que o seu estranho destino não mais o preocupava como naquele momento. Ele se sentia bem agora, assistido e feliz.

Lágrimas quentes jorraram por suas faces, mas, neste minuto, pareceu-lhe que uma mão afagou a sua testa e a bem familiar e querida voz sussurrou-lhe no ouvido:

— Pense no futuro em vez de pensar no passado! Você não está sozinho: nós não nos separamos, pois a minha alma o vê e o ouve. Trabalhe, vá em frente com coragem, meu amado, e logo lhe será concedida a mesma alegria. Você vai poder me ver e falar livremente comigo. A matéria rude já não nos separará.

A voz calou-se, mas Ivan sentia-se surpreendentemente acalmado e fortalecido. Respeitoso e conformado pôs-se de joelhos e numa oração ardente agradeceu ao Criador quando lhe deu apoio e forças para suportar dignamente o misterioso destino que lhe fora reservado.

Quando se levantou, já lhe havia retornado o autodomínio. Sentou-se ao lado da janela e começou a apreciar a paisagem mágica que se lhe abria à frente.

Conforme lhe havia sugerido Cristina, ele começou a pensar no futuro. Com o passado estava tudo terminado. Ele estava feliz, pois diante dele se estendia um vasto horizonte e abriase-lhe o caminho aos campos claros da ciência pura.

— Então, adeus meu passado sombrio apesar das alegrias passageiras. Avante, em direção à luz! - murmurou ele.

Arthur apenas sorriu, daqui para frente os Tuzov serão livres e felizes para viver suas vidas sem sombras.


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